Blast from the Trash: Charlie’s Angels (GC)
Ladrão de monumentos
O game é (ou tenta ser) um beat ’em up em três dimensões baseado nos dois filmes estrelados por Lucy Liu, Cameron Diaz e Drew Barrymore lançados até aquela época. O enredo do título seria trágico se não fosse cômico: mais um belo dia começa na cidade de Nova York, mas algo está faltando e ninguém conseguiu notar o quê… ah! A Estátua da Liberdade, como não notamos que ela havia sido roubada? Mas esse simples furto foi só um dos que havia ocorrido mundialmente, outros monumentos como o Arco do Triunfo também foram roubados. Caberá então às Panteras recuperar os monumentos e de quebra derrotar o vilão que está por trás de tamanhos crimes. Pelo menos as três garotas têm um consolo: elas não terão grandes dificuldades em encontrar os itens roubados…
…ou terão!?
A jogabilidade de Charlie’s Angels é tão ruim, mas tão ruim que fica difícil expressar em palavras os meus sentimentos em relação a ela. Tudo no game é mal feito, desde a movimentação das personagens (as atrizes devem ter ficado bastante ofendidas com a beleza de suas contrapartes digitais) até a brilhante IA dos inimigos. Os comandos são bem simples e funcionam, mas a qualidade do pacote é tão baixa que nem isso compensa.
O game se limita a seguir uma seta que indica ao jogador onde não há paredes invisíveis para prosseguir no estágio. Seu progresso é interrompido por grupos de inimigos burros que de nada servem senão atrasar a realização de seu objetivo, já que eles não apresentam dificuldade alguma para impedi-lo. Na verdade, seu maior inimigo no game é a própria seta, a maldita seta que deveria indicar o caminho a ser seguido, mas que muitas vezes indica lugares aleatórios, como rampas que não podem ser subidas graças às já mencionadas paredes invisíveis. A situação é tão patética que me pergunto se a desenvolvedora não fez isso com a intenção apenas de sacanear os jogadores.
Para não dizer que o título é uma desgraça completa, ele roda sem nenhum slowdown, o que na verdade, não é feito nenhum, já que a qualidade gráfica do título é inferior a quase tudo lançado para o GameCube e o console não se esforça minimamente para rodá-lo. A produtora ainda tentou adicionar alguns elementos teoricamente empolgantes na jogabilidade, como finalizações em câmera lenta, mas elas também são mal executadas, já que a câmera do game não consegue acompanhá-la. Sim, a câmera do game não acompanha as sequências em câmera lenta das lutas. É rir para não chorar!
Produção primorosa…só que ao contrário
Este game é tão feio, mas tão feio que nem parecia pertencer à geração de Metroids Prime e Residents Evil que pertenceu. Parece no máximo um jogo de PlayStation (me desculpe, PlayStation), com um filtro ou outro a mais espalhados pelos cantos. Nem a modelagem das lindas atrizes que fazem parte do elenco ficou boa, muito pelo contrário, as garotas ficaram horrendas. Ao contrário do que ocorria em Catwoman, onde tudo era horrível, mas deram atenção à modelagem da atriz Halle Berry, neste game nada recebeu atenção. A movimentação dos personagens é deprimente, os cenários são pobres e me pergunto se o roubo da Estátua da Liberdade não foi só uma desculpa dos produtores para não ter que integrá-la aos cenários do game.
O desenvolvimento do enredo é mostrado com cenas de corte em FMV, que até são razoáveis diante de tudo que é apresentado neste título. As dublagens são boas até certa medida e há algumas piadinhas que podem lhe fazer esboçar alguns sorrisos (se já não estiver surtando de raiva por conta de todo o resto). No restante do game, as músicas são simples e não chegam a ser ruins, apenas cumprem seu papel como som de fundo.
O orgulho da Ubisoft
Charlie’s Angels não foi só xingado pelo redator que lhes escreve. O game conseguiu uma média de menos de 25/100 no site GameRankings, e sites renomados como o GameTrailers afirmaram que o título é a pior adaptação de filme para os videogames já feita. Visto o rol de títulos maravilhosos que entram neste grupo, é admirável um título lançado em 2003 finalmente superar jogos como ET, lançado quase vinte anos antes. A Ubisoft deve se orgulhar de tamanho feito na indústria, pois assim como é difícil fazer um game digno de jogo do ano, também é quase impossível atingir o outro extremo.